Robin Hood: A Origem sabe que não é a primeira vez que a audiência tem contato com o personagem. E deixa isso bem claro ao pedir, logo em suas primeiras fases — narradas em off — para que todos esqueçam o que conhecem. Com isso, o próprio filme se livra de algumas amarras e tenta fazer da sua versão algo único e mais atual.
Taren Egerton é Robin Hood
DivulgaçãoEm certos pontos essa é uma aposta muito válida e interessante, mas em outros o longa erra feio. Um bom exemplo é o retrato feito das Cruzadas. Ao utilizar como base as guerras modernas no oriente médio para aproximar o público — principalmente o jogador de videogames — da realidade apresentada. Mas o resultado é digno riso, já que é possível ver, claramente, que a produção apenas retirou os fuzis, mas manteve todas as estratégias, vestimentas e movimentação. Colocando os arcos e flechas apenas para justificar a proficiência do protagonista, de seu tutor e dos vilões.
Falando no protagonista, o filme tenta fazer com que o espectador se importe com ele e suas motivações ao lhe dar uma grande montagem inicial, apresentando-lhe e tentando fazê-lo crescer — mas o tempo não ajuda em nada e o personagem não consegue a empatia esperada. Trabalho muito mais competente é feito com o mestre, que em pouco tempo se destaca e demonstra suas motivações de forma crível e gerando maior empatia no público, roubando a trama para si dalí em diante.
Jamie Foxx e Taron Egerton em cena de Robin Hood: A Origem
DivulgaçãoOs atores que interpretam os dois personagens citados acima podem justificar a inversão de protagonismo. Enquanto Jamie Foxx novamente destila seu talento em gestos simples e falas bem entregues, Taron Egerton não consegue, novamente, manter o nível alcançado em Kingsman: Serviço secreto, que catapultou sua carreira. Outra que tem seus altos e baixos é a "mocinha" Marian. Interpretada por Eve Hewson, ela tem uma função relevante no enredo e entra para o rol de personagens interessantes e com importância suficiente para chamarem a atenção do público. Mas nada além disso.
Ben Mendelsohn emplaca mais um bom vilão
DivulgaçãoJá Ben Mendelsohn entrega outro grande vilão e se firma no panteão de astros para se manter atento, já que seu retorno as telas está garantido em Capitã Marvel.
O diretor britânico Otto Bathurst, conhecido pela série Black Mirror, faz sua estreia no cinema comercial de maneira interessante. Filmando bem as cenas díspares entre a riqueza dos poderosos e a pobreza dos súditos, ele ainda tem soluções inteligentes para as numerosas sequencias de ação, utilizando a câmera lenta em momentos chave e aproveitando a competente fotografia para deixar o filme mais bonito. O estreante comete alguns erros, mas não se pode dar a ele o fardo que este filme trará.
Este deve ser carregado, principalmente, pelo fraco roteiro, que abusa da matança desenfreada e da confiança nas constantes lutas e roubos para agradar. Mas erra ao não saber como desenvolver seus personagens e ao tentar deixar pontas para uma sequencia que provavelmente não virá, deixando tudo ainda mais confuso para a audiência. Realmente, um tiro bem longe do alvo.
Poster de Robin Hood: A Origem
DivulgaçãoFicha técnica:
Ano: 2018
Classificação: 14 anos
Duração: 1h56 min
Direção: Otto Bathurst
Roteiro: Ben Chandler e David James Kelly
Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn, Eve Hewson, Jamie Dornan
Fotografia: George Steel
Produtores: Leonardo Dicaprio, Jennifer Davisson Killoran, Basil Iwanyk, Tory Tunnel, Joby Harold
Música: Joseph Trapanese
Fonte(s): R7
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