Godzilla é um dos personagem com mais versões em todos os tipo de mídia. Quando a nova encarnção foi anuncianda para estrear em 2014, muitos torceram o nariz.
Mas o roteiro, com seu tom 'pé no chão', deixando o monstro do título com poucos minutos de tela, e a direção primorosa de Gareth Edwards fizeram com que o longa deixasse uma marca muito forte, dando esperanças à Warner de que uma nova franquia poderia nascer dali. Kong: Ilha da Caveira veio na sequência e o que era especulado se tornou real: os monstros gigantes teriam um futuro promissor adiante.
Godzilla 2: Deus dos Monstros tem a missão de pegar tudo o que já foi estabelecido e dar ainda mais peso, criando novas urgências, motivações e cenas épicas de lutas entre os titãs.
Rostos conhecidos estão por todo o lado no longa, mas o roteiro faz com que até a estreia de Millie Bobby Brown em um grande filme — após o estouro como Eleven em Stranger Things — seja esquecível. O que dizer então da cientista com motivações risíveis, do terrorista que desperdiça o ótimo Charles Dance ou o especialista em animais recluso que convenientemente reaparece sabendo tudo e se tornando o líder. Os clichês estão por toda parte. E para piorar, não se desenvolvem nem a ponto de ao menos entreter.
Os atores tentam, como Ken Watanabe e Sally Hawkins que retornam à franquia, mas os diálogos risíveis — e não no momento de uma piada ou um alívio cômico — tiram qualquer impacto que até o melhor dos elencos possa entregar. Até mesmo as lutas, que deveriam ser o ápice do longa, passam a ser estranhamente cansativas. Com poucas tomadas interessantes, até a boa coreografia e o peso que os personagens têm ficam aquém do que poderiam.
Uma fotografia pouco inspirada somente colabora para que os combates não mostrem a que vieram. Ou mesmo para que seja dado crédito ao ótimo desenho de produção, que mantem os monstros realistas, mas com um quê do que os consagrou no oriente.
Um dos destaques realmente positivos do longa é a trilha sonora, que, esta sim, consegue mesclar os tons orientais com perfeição, criando o ambiente ideal para um bom filme de Kaijus, mas que, infelizmente, fica um tanto esquecida em meio a todo o caos em tela.
Novos elementos são introduzidos com tanta pressa e de maneira tão efêmera, que, parecem não ter existido, tirando ainda mais o impacto destes e até mesmo do que já estava estabelecido.
Talvez o grande problema seja o fato do filme se levar à sério demais. Enquanto o primeiro soube usar tropos do gênero — como o poder que surge do nada no final para aniquilar o rival — e explorar o lado místico e sobre humano de Godzilla, este segundo escancara tanto este louvor às criaturas, que acaba perdendo o ar celestial dado a ele. E, em uma época em que a plateia pode, ainda mais, ser conduzida como uma torcida, vibrando e gritando com conquistas de personagens que se importam, o uso de Godzilla, Mothra e Ghidora é um desperdício doloroso. Mas, ei, há um gancho para a batalha entre Kong e Godzilla. Que os roteiristas e o diretor saiba tirar o máximo deste embate que vai marcar a história. Resta apenas saber por qual motivo.
Ficha técnica:
Ano: 2019
Classificação: 12 anos
Duração: 2h12 min
Direção: Michael Dougherty
Roteiro: Michael Dougherty, Zach Shields, Max Borenstein
Elenco: Kyle Chandler, Vera Farmiga, Millie Bobby Brown e Ken Watanabe
Fotografia: Lawrence Sher
Produtores: Yoshimitsu Banno, Shirit Bradley, Alex Garcia, Jon Jashni
Música: Bear McCreary
Fonte(s): R7
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