Apesar da população feminina autodeclarada negra (1,1 milhão) ser menor do que a declarada branca (4,7 milhões) no Rio Grande do Sul, foram as mulheres negras as principais vítimas de homicídios no Estado em 2019. Em nível nacional, na época, a população feminina negra foi de 58 milhões e a branca de 47 milhões de mulheres. Os dados referentes a 2019 integra um estudo realizado pela Secretaria de Planejamento (Seplag), divulgado nesta quarta-feira, que será usado como base na criação de políticas públicas.
Segundo o diagnóstico, a média de homicídios no Rio Grande do Sul foi de 5,4 mulheres negras para cada 100 mil habitantes, contra 5 mulheres brancas para o mesmo número de habitantes. A média nacional foi ainda mais desigual: com 5,7 mulheres negras mortas por 100 mil habitantes ante 3,2 mulheres brancas. Ao todo, o Rio Grande do Sul registrou 300 vítimas de assassinatos no ano passado, dos quais 83 foram classificados como feminicídios.
Para a titular da Seplag, Leany Lemos, os dados demonstram a existência de um racismo estrutural. “A mulher negra é a pessoa que tem a menor educação, a menor remuneração, a maior exposição a violência. O efeito é perverso sobre a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.”
Mercado de Trabalho
O estudo realizado pela Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Sul (Seplag) também apontou extensa desigualdade no mercado de trabalho, desfavorecendo as mulheres. Do total de 51,3% das mulheres gaúchas, apenas 46,2% delas integravam o mercado de trabalho em 2019. Dentre as problemáticas enfrentadas por elas estão a remuneração – com ganhos que representam 84% do salário de um homem. A pesquisa mostrou que as mulheres estão muito mais envolvidas no trabalho doméstico do que os homens.
Em relação à renda, mulheres pobres (até meio salário mínimo) trabalham semanalmente 24 horas a mais apenas cuidando dos afazeres domésticos, enquanto homens da mesma faixa de renda dedicam-se em média 11,6 horas por semana.
A diferença é menor em quem ganha a partir de R$ 4.990 (referente a cinco salários). Nesta categoria, a diferença é de 5,5 horas semanais entre mulheres e homens dedicadas aos afazeres domésticos. Entretanto, esses números não representam a maior participação masculina nas responsabilidades do lar, mas que essas tarefas foram terceirizadas.
Fonte(s): Correio do Povo
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