Agora

Autoprogramação

00:00 - 07:00

Notícia

Ensino online muda a educação básica, e escolas discutem traumas

Ensino online muda a educação básica, e escolas discutem traumas
Ensino online muda a educação básica, e escolas discutem traumas

A pandemia transformou a realidade da educação no mundo inteiro. Uma parcela de professores teve que adotar o sistema digital de ensino do dia para noite, e alunos também foram obrigados a se adaptarem ao novo formato. Em outro grupo, muitas escolas e estudantes no Rio Grande do Sul nem sequer puderam ter a mesma chance, no caso da rede pública, onde computador e internet ainda são vistos como artigo de luxo e não estão tão presentes na vida estudantil como deveriam. Os pontos em comum entre os dois lados são a saudade do ambiente escolar e a preocupação com a saúde mental, não só das crianças e adolescentes, que por muitas vezes parecem ter chegado ao limite, mas também de um corpo docente sobrecarregado com carga horária e pressão constante. O apoio psicológico dentro das instituições é mais que uma saída para a crise na retomada, é um dever da gestão de educação pública e privada para salvaguardar a geração coronavírus e minimizar o impacto de traumas potencialmente graves.

Nas escolas particulares, a transição para o ensino online foi rápida e eficiente na maioria dos casos. O que demorou para acontecer, na verdade, foi a adaptação às telas. Se controlar os ânimos de crianças num espaço físico já era difícil, por vídeo virou tarefa quase impossível. Da mesma forma, professores enfrentam dificuldades para mudar o sistema das aulas, utilizar a plataforma escolhida, produzir e editar conteúdo, enviar e receber trabalhos e ainda lidar com uma quantidade elevada de lives diárias. Alguns meses se passaram desde o sufoco inicial, e agora alunos e docentes já conseguem participar com maior naturalidade. O grande desafio, portanto, passa a ser tornar o mundo virtual como política permanente de ensino. “Agregamos metodologias e recursos que antes não eram tão utilizados. Tudo isso que estamos passando será aproveitado no futuro, e deve permanecer a partir de novos investimentos que serão feitos pelas escolas. Mas nenhuma atividade on-line é tão rica quanto a presencial, especialmente para crianças. Isso é insubstituível”, explica Cecília Farias, diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS).

Na rede estadual, contudo, o buraco é mais embaixo. A condição financeira das famílias e a defasagem das estruturas fez com que o novo mundo virtual de aulas soasse como utopia para boa parte dos estudantes. Ao invés de encurtar a distância entre tecnologia e aluno, o processo de transição para o on-line escancarou as diferenças sociais, gerou medo e angústia sobre um futuro incerto. “Estamos vivendo diferentes realidades no ensino gaúcho. Boa parcela dos alunos não tem condições financeiras para migrar para o ensino on-line, nem estrutura em casa que possa suportar o ensino remoto. Há casos em que os estudantes não são mais encontrados. Nosso medo é que muitos tenham desistido da educação. Isso não se recupera tão facilmente”, analisa Helenir Schurer, presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato). Apesar das ressalvas, Helenir acredita que o momento pelo qual a sociedade está passando ajudará a acelerar o processo de transição tecnológica na rede pública estadual, o que deve ser celebrado. Em casos mais positivos, a suspensão das aulas por conta da pandemia, segundo ela, ajudou pais, alunos e professores a aprenderem a utilizar a tecnologia a favor do ensino.

Há um debate no setor sobre a possibilidade de adotar o sistema híbrido nos ambientes escolares, da mesma forma como devem fazer as universidades. O presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, afirma que as instituições estão discutindo a possibilidade para a volta às aulas. “Caiu por terra a ideia que apenas o ensino superior poderia aderir ao sistema remoto. Crianças estão sendo alfabetizadas pela internet. Então, será que precisamos continuar com aulas cheias de conteúdo, quando o professor pode utilizar a tecnologia como complemento? Acredito que devemos repensar o papel da escola, do professor, dos alunos para o futuro. Será que as aulas não poderiam ser três vezes na semana presenciais e duas vezes on-line? Um sistema híbrido de ensino?”, questiona.

As emoções reprimidas pelo tempo prolongado longe do colégio também é pauta essencial no retorno às atividades. O presidente do Sinepe destaca que as escolas devem se preparar para enfrentar este tema de forma direta, estruturando equipes de apoio psicológico e preparando os profissionais para eventuais traumas que possam surgir. “A grande questão é a saúde emocional das crianças e dos profissionais da educação. A volta às aulas exigirá mais esforços no tratamento psicológico do que de conteúdo, na verdade. A escola muitas vezes conseguia identificar casos de violência doméstica, por exemplo. Agora, não estamos mais colhendo este tipo de informação, não sabemos o que está acontecendo dentro de casa. E isto é fundamental no acompanhamento das crianças”, ressalta Eizerik.

Desafios não faltam para a educação básica no Rio Grande do Sul. A única certeza é que o setor sai fortalecido e valorizado da crise. “Evoluímos dezenas de processos que talvez demorassem uma década para acontecer. Trata-se de um ano de muito aprendizado e muitos ganhos. O ano letivo definitivamente não está perdido”, sentencia o presidente do Sinepe/RS. Para a diretora do Sinpro-RS, Cecília Farias, esse é o aprendizado diante da adversidade, de enfrentar desafios. “Esse ganho que isto traz para nós é imensurável. É o maior legado, com certeza”, destaca.

Fonte(s): Correio do Povo

Comentários

Últimas notícias

11 Mar
Aconteceu
MEC lança programa para ampliar acesso de estudantes ao ensino técnico

Jovens em situação de vulnerabilidade terão auxílio de R$ 200 por mês

11 Mar
Aconteceu
Fazenda lança plataforma para saque de antigo Fundo PIS/Pasep

Há cerca de R$ 26 bilhões esquecidos pelos trabalhadores

11 Mar
Aconteceu
Percentual de famílias com dívidas em atraso cai em fevereiro, diz CNC

Consumidores estão buscando crédito em condições melhores

Esse site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar o acesso, você concorda com nossa Política de Privacidade. Para mais informações clique aqui.